Postado por Tiago Murillo Corrêa dos Santos
Madame Bovary é uma obra que ocupa lugar de destaque entre os romances. Escrito por Gustave Flaubert (1821-1880), oriundo de Rouen, na França, o livro aborda de modo surpreendentemente franco o tema adultério.Além dos preconceitos que giraram por séculos em torno do próprio gênero da obra, tido por indecente e inapropriado para jovens, o livro de Gustave Flaubert rendeu-lhe um processo perante a Sexta Corte Correcional do Tribunal do Sena, no qual foi acusado de promover o adultério e a luxúria.
Embora Flaubert tenha sido absolvido pelos juízes, por haver demonstrado que seu papel de autor não significava compartilhamento com os pontos de vista da personagem adúltera da obra, os críticos da época não deixaram de censurá-lo. Após sua absolvição judicial, a obra foi então reabilitada.
O romance conta a estória de Charles Bovary, um jovem trapalhão e hilário que torna-se um médico desastrado. Após vivenciar um péssimo primeiro casamento, originado de interesses financeiros, do qual sai viúvo, Charles desposa Emma, uma jovem utopicamente romântica, cujos ideais emocionais são construídos a partir de romances românticos que conheceu durante sua adolescência no convento.
Buscando aventurar-se com Charles e tentando escapar da vida subserviente ao lado do pai, que não a valorizava, Emma casa-se e imediatamente depara-se com a frustração sentimental.
Após participar de um baile no castelo de um marquês amigo de Charles e seu, Emma desperta suas utopias românticas que a levarão ao encontro de aventuras extremamente perigosas e intrigantes.
Visando despertar ainda mais o desejo pela leitura desta fantástica obra aos caros leitores deste blog, segue abaixo uma análise dos principais personagens do romance: Charles e Emma Bovary.
Madame Bouvary, Flaubert, Gustave – Eds. Publifolha e Ediouro
Análise das personagens Charles e Emma
Análise das personagens Charles e Emma
Charles Bouvary
Segundo a teoria de Forster, Charles Bovary enquandra-se na classe de personagem plana, ou segundo Johnson, personagem de costumes. Ele é descrito por meio de traços distintivos, que de modo objetivo, estereotipam sua pessoa.
Do começo ao fim do romance a personagem de Charles não surpreende o leitor, e é descrito como uma pessoa passiva, moderada, opaca, insensível e inábil. Vejamos exemplos.
Infância
Cap.I
“Reparamos que estudava diligentemente, procurando todas as palavras no dicionário e encontrando muita dificuldade, não teve de baixar à classe inferior, pois embora soubesse passavelmente as lições, faltavam-lhe elegância e vivacidade.”
“Mas o menino, de natureza pacífica, não correspondia aos esforços paternos.”
“Seria agora impossível a qualquer de nós lembrar-se dele. Era um menino de temperamento moderado, que brincava na hora de recreio, dedicava-se aos livros na hora de estudo, prestava atenção nas horas de aula, dormia bem no dormitório, comia bem no refeitório.”
Segundo a teoria de Forster, Charles Bovary enquandra-se na classe de personagem plana, ou segundo Johnson, personagem de costumes. Ele é descrito por meio de traços distintivos, que de modo objetivo, estereotipam sua pessoa.
Do começo ao fim do romance a personagem de Charles não surpreende o leitor, e é descrito como uma pessoa passiva, moderada, opaca, insensível e inábil. Vejamos exemplos.
Infância
Cap.I
“Reparamos que estudava diligentemente, procurando todas as palavras no dicionário e encontrando muita dificuldade, não teve de baixar à classe inferior, pois embora soubesse passavelmente as lições, faltavam-lhe elegância e vivacidade.”
“Mas o menino, de natureza pacífica, não correspondia aos esforços paternos.”
“Seria agora impossível a qualquer de nós lembrar-se dele. Era um menino de temperamento moderado, que brincava na hora de recreio, dedicava-se aos livros na hora de estudo, prestava atenção nas horas de aula, dormia bem no dormitório, comia bem no refeitório.”
Escolha de sua primeira esposa, Mme Héloïse Dubuc
“Mas não bastava ter criado o filho, feito dele um médico e descoberto Tostes para o exercício da profissão; faltava uma esposa. E foi ainda a mãe que a encontrou...”
Cap. II
“Mas não bastava ter criado o filho, feito dele um médico e descoberto Tostes para o exercício da profissão; faltava uma esposa. E foi ainda a mãe que a encontrou...”
Cap. II
Afastamento temporário de Bertaux, e conseqüentemente de Emma, após censuras de sua mãe e súplicas da esposa
“Por indolência, Charles deixou de ir a Bertaux. Héloïse fizera-o jurar que não voltaria (...) Ele obedeceu...”
“Por indolência, Charles deixou de ir a Bertaux. Héloïse fizera-o jurar que não voltaria (...) Ele obedeceu...”
Passividade ante o descobrimento da mentira de Héloïse quanto às suas posses
“Héloïse, em prantos, lançando-se aos braços do marido, suplicou-lhe que a defendesse dos sogros. Charles fez menção de defendê-la; Seus pais se zangaram e partiram.”.
Cap. III
“Héloïse, em prantos, lançando-se aos braços do marido, suplicou-lhe que a defendesse dos sogros. Charles fez menção de defendê-la; Seus pais se zangaram e partiram.”.
Cap. III
Passividade quanto ao seu sentimento por Emma
“Achando que afinal de contas não arriscava nada, Charles prometeu a si mesmo que faria o pedido quando a ocasião se apresentasse; mas, cada vez que se oferecia uma oportunidade, o medo de não encontrar as palavras convenientes selava-lhe os lábios.”
Cap. IV
“Achando que afinal de contas não arriscava nada, Charles prometeu a si mesmo que faria o pedido quando a ocasião se apresentasse; mas, cada vez que se oferecia uma oportunidade, o medo de não encontrar as palavras convenientes selava-lhe os lábios.”
Cap. IV
Opacidade durante a festa de seu segundo casamento
“Charles, por não ser de temperamento comunicativo, não brilhara na festa. Respondera mediocremente aos trocadilhos, piadas, palavras de duplo sentido, felicitações e cumprimentos que todos lhe dirigiam.”
Cap. VII
“Charles, por não ser de temperamento comunicativo, não brilhara na festa. Respondera mediocremente aos trocadilhos, piadas, palavras de duplo sentido, felicitações e cumprimentos que todos lhe dirigiam.”
Cap. VII
Sua postura vazia, enquanto marido
“A conversa de Charles era sem graça como uma calçada e nela desfilavam as idéias de todo, em roupagens comuns, sem suscitar emoções, risos ou sonhos. Ele dizia que jamais sentira curiosidade, quando morava em Rouen, de ir ver nos teatros os atores de Paris. Não sabia nadar, nem lutar, nem atirar de pistola; e um dia não foi capaz de explicar um termo de equitação que ela encontrara num romance.
Mas um homem não devia saber tudo, ser hábil em múltiplas atividades, iniciar as mulheres nas energias da paixão, no refinamento da vida e em todos os mistérios? Aquele, porém, não ensinava nada, não sabia nada, não desejava nada.”
Sua insensibilidade, carência de paixão e permanência na rotina
Mas um homem não devia saber tudo, ser hábil em múltiplas atividades, iniciar as mulheres nas energias da paixão, no refinamento da vida e em todos os mistérios? Aquele, porém, não ensinava nada, não sabia nada, não desejava nada.”
Sua insensibilidade, carência de paixão e permanência na rotina
“(...) Ao luar, no jardim, recitava tudo o que sabia de cor, em versos apaixonados, e cantava para ele adágios suspirantes e melancólicos; mas quando terminava, continuava tão calma quanto antes e Charles não parecia mais amoroso nem mais excitado.”
“Suas expansões haviam-se tornado regulares; beijava-a a horas certas. Era um hábito como outro qualquer, como uma sobremesa prevista após a monotonia do jantar.”
“Suas expansões haviam-se tornado regulares; beijava-a a horas certas. Era um hábito como outro qualquer, como uma sobremesa prevista após a monotonia do jantar.”
Sua passividade durante a Festa ocorrida no castelo do marquês d’Andervilliers, onde sua mulher começa a permitir-se à busca da paixão
“Alguns jogadores continuavam às mesas, os músicos refrescavam os dedos. Lambendo-lhes as pontas, e Charles cochilava, encostado a um portal.”
Emma Rouault, segunda esposa de Charles Bovary
“Alguns jogadores continuavam às mesas, os músicos refrescavam os dedos. Lambendo-lhes as pontas, e Charles cochilava, encostado a um portal.”
Emma Rouault, segunda esposa de Charles Bovary
De acordo com a teoria de Forster, Emma Bovary enquandra-se na classe de personagem esférica, ou segundo Johnson, personagem de natureza. Ele é descrita, além dos traços superficiais, por seu modo íntimo de ser. Ainda, segundo a teoria de Forster, Emma causa surpresa no leitor.No capítulo II Emma é mais retratada segundo suas características físicas do que pelas emocionais:
“Charles admirou a brancura de suas unhas. Eram brilhantes, finas na ponta(...) A moça era esbelta mas sem muita suavidade nas linhas”
Sua apresentação não possui a relugaridade e estereotipação de que desfrutam a personagem de Charles.
Emma embora casara-se aparentemente apaixonada por Charles, imediatamente após tal fato, descobre-se infeliz:
“Emma tinha desejado casar-se à meia-noite, sob a luz de tochas...”
“Antes de casar-se, ela acreditava amá-lo; mas, como a felicidade que deveria resultar desse amor não aparecera, ela pensava estar enganada, E Emma procurava saber o que significavam exatamente na vida as palavras ‘felicidade’, ‘paixões’ e ‘embriaguez de amor’, que lhe haviam parecido tão belas nos livros.”
“Antes de casar-se, ela acreditava amá-lo; mas, como a felicidade que deveria resultar desse amor não aparecera, ela pensava estar enganada, E Emma procurava saber o que significavam exatamente na vida as palavras ‘felicidade’, ‘paixões’ e ‘embriaguez de amor’, que lhe haviam parecido tão belas nos livros.”
As expectativas de amor e paixão existentes no coração de Emma nasceram de seu contato com a literatura (a arte), por meio dos romances românticos que conhecera durante sua estada no convento.
Cap. VI
“A solteirona sabia de cor as canções galantes do século passado, que cantava a meia voz, sem largar a agulha (...) emprestava às meninas maiores, às escondidas algum romance que sempre trazia nos bolsos do avental e que ela própria lia nos intervalos de seu trabalho. Esses livros falavam de amores, de amantes, damas perseguidas que desapareciam em pavilhões solitários, mensageiros que morrem em todas as estações de troca, cavalos em disparada, em todas as páginas (...) lágrimas e beijos (...) Durante seis meses, na idade de quinze anos, Emma se iniciou nessa espécie de literatura.”
Cap. VII
“Enquanto isso, ela desejava o amor segundo as teorias em que acreditava.”
Cap. VI
“A solteirona sabia de cor as canções galantes do século passado, que cantava a meia voz, sem largar a agulha (...) emprestava às meninas maiores, às escondidas algum romance que sempre trazia nos bolsos do avental e que ela própria lia nos intervalos de seu trabalho. Esses livros falavam de amores, de amantes, damas perseguidas que desapareciam em pavilhões solitários, mensageiros que morrem em todas as estações de troca, cavalos em disparada, em todas as páginas (...) lágrimas e beijos (...) Durante seis meses, na idade de quinze anos, Emma se iniciou nessa espécie de literatura.”
Cap. VII
“Enquanto isso, ela desejava o amor segundo as teorias em que acreditava.”
Sua paixão por Charles teve por base a ansiedade de viver o amor:
Cap VI
“Quando Charles fora Bertaux pela primeira vez, ela se considerava uma desiludida, nada mais tendo a aprender nem a sentir.
Mas a ansiedade de um novo estado, ou talvez a irritação causada pela presença daquele homem, fora o suficiente para fazê-la crer que possuía, enfim, aquela paixão maravilhosa que até então se sustentara como um grande pássaro de asas róseas planando no esplendor dos céus poéticos..."
Pouco depois de casar-se, Emma descobre-se sem a “chama” do amor
Cap. V
“Antes de casar-se, ela acreditava amá-lo; mas, como a felicidade que deveria resultar desse amor não aparecera, ela pensava estar enganada. E Emma procurava saber o que significavam exatamente na vida as palavras “felicidade”, “paixões” e “embriaguez de amor”, que lhe haviam parecido tão belas nos livros.”
Neste ponto da trama, a característica esférica da personagem Emma cristaliza-se por meio da surpresa que estabelece na trama.
A partir de sua descoberta, Emma passa a mudar mais ainda sua postura com Charles passando a detestá-lo, o que prova a esfericidade de sua personagem.
Cap. VII
“(...) Acreditava-a feliz e ela o detestava por aquela calma assentada, aquela serenidade pesada, feita da felicidade que ela própria lhe dava.”
Cap. V
“Antes de casar-se, ela acreditava amá-lo; mas, como a felicidade que deveria resultar desse amor não aparecera, ela pensava estar enganada. E Emma procurava saber o que significavam exatamente na vida as palavras “felicidade”, “paixões” e “embriaguez de amor”, que lhe haviam parecido tão belas nos livros.”
Neste ponto da trama, a característica esférica da personagem Emma cristaliza-se por meio da surpresa que estabelece na trama.
A partir de sua descoberta, Emma passa a mudar mais ainda sua postura com Charles passando a detestá-lo, o que prova a esfericidade de sua personagem.
Cap. VII
“(...) Acreditava-a feliz e ela o detestava por aquela calma assentada, aquela serenidade pesada, feita da felicidade que ela própria lhe dava.”
Emma passa a banalizar a paixão de Charles
Cap. VII
“Emma persuadiu-se facilmente de que a paixão de Charles não tinha nada de extraordinário. Suas expansões haviam-se tornado regulares; beijava-a a horas certas. Era um hábito como outro qualquer, como uma sobremesa prevista após a monotonia do jantar.”
Cap. VII
“Emma persuadiu-se facilmente de que a paixão de Charles não tinha nada de extraordinário. Suas expansões haviam-se tornado regulares; beijava-a a horas certas. Era um hábito como outro qualquer, como uma sobremesa prevista após a monotonia do jantar.”
A idéia de “marido perfeito”, de Emma
Cap VII
“(...) O marido seria belo, espiritual, distinto, atraente, tal como os homens que sem dúvida se tinham casado com suas antigas companheiras do convento.”
Cap VII
“(...) O marido seria belo, espiritual, distinto, atraente, tal como os homens que sem dúvida se tinham casado com suas antigas companheiras do convento.”
Sua personagem muda mais ainda a partir do convite que, juntamente com Charles recebeu, para a Festa na casa do marquês de d’Andervilliers
“Mas lá para o fim de setembro, algo de extraordinário aconteceu em sua vida; foi convidada para ir a Vaubyssard, ao castelo do marquês de d’Andervilliers.”
Emma passa a revelar-se na trama como uma pessoa completamente iludida pelas aparências e facilmente levada por galanteios
Cap. VIII
“Ao entrar, Emma sentiu-se rodeada por uma atmosfera morna, misto de perfume de flores e do cheio de linho de boa qualidade, do odor das carnes e dos cogumelos. As velas dos candelabros refletiam labaredas nos relógios de prata; os cristais facetados, cobertos por uma condensação opaca, luziam palidamente. As flores se alinhavam por todo o comprimento da mesa e, nos pratos lavrados, os guardanapos, colocados em forma de chapéu de bispo...”
“(...) Seu coração era como eles: em contato com a riqueza, algo de indelével se alhe aderira.”
“O coração de Emma bateu mais forte quando seu par, trazendo-a pelas pontas dos dedos, colocou-a em linha, esperando o sinal do arco do violino, para o início da dança.”
Cap. IV
“Assim,estabeleceu-se entre eles [Emma e León] uma espécie de associação, um intercâmbio contínuo de livros e romances...”
Cap. VIII
“Ao entrar, Emma sentiu-se rodeada por uma atmosfera morna, misto de perfume de flores e do cheio de linho de boa qualidade, do odor das carnes e dos cogumelos. As velas dos candelabros refletiam labaredas nos relógios de prata; os cristais facetados, cobertos por uma condensação opaca, luziam palidamente. As flores se alinhavam por todo o comprimento da mesa e, nos pratos lavrados, os guardanapos, colocados em forma de chapéu de bispo...”
“(...) Seu coração era como eles: em contato com a riqueza, algo de indelével se alhe aderira.”
“O coração de Emma bateu mais forte quando seu par, trazendo-a pelas pontas dos dedos, colocou-a em linha, esperando o sinal do arco do violino, para o início da dança.”
Cap. IV
“Assim,estabeleceu-se entre eles [Emma e León] uma espécie de associação, um intercâmbio contínuo de livros e romances...”
Sua relação com Rudolph revela as mesmas características do vazio e da ilusão da aparência
Cap. IX
“Emma, encantou-se com a sua elegância, quando ele apareceu na entrada com seu casaco, de veludo e o culote de malha branca. Ela já estava pronta, à espera.”
“- Oh, obrigado! A senhora não me repele! Como é magnânima! Compreende que sou seu! Deixe que eu a veja, que a contemple! (...) Um desejo supremo fazia tremer seus lábios secos; e lentamente, ternamente, seus dedos se entrelaçaram.”
Cap. IX
“Emma, encantou-se com a sua elegância, quando ele apareceu na entrada com seu casaco, de veludo e o culote de malha branca. Ela já estava pronta, à espera.”
“- Oh, obrigado! A senhora não me repele! Como é magnânima! Compreende que sou seu! Deixe que eu a veja, que a contemple! (...) Um desejo supremo fazia tremer seus lábios secos; e lentamente, ternamente, seus dedos se entrelaçaram.”
Sua ilusão leva-a cada vez mais a tentar fugir de sua realidade e a buscar experimentar a dos outros
Cap VIII
“(...) Ela contemplou longamente as janelas do castelo, procurando adivinhar quais seriam os quartos de todos aqueles que tinha observado na véspera. Gostaria de conhecer suas vidas, penetrar nelas, confundir-se com elas”.
Cap VIII
“(...) Ela contemplou longamente as janelas do castelo, procurando adivinhar quais seriam os quartos de todos aqueles que tinha observado na véspera. Gostaria de conhecer suas vidas, penetrar nelas, confundir-se com elas”.
CONCLUSÃO
O romance Madame Bovary versa principalmente sobre os dilemas e peripécias do sentimento e comportamento HUMANOS. Ao tocar no âmago de temas como: a busca da felicidade, os conflitos com as expectativas sociais e morais, a obra apresenta-se acessível e provocadora de reflexões. Uma excelente sugestão para leitores ávidos por personagens intrigantes e profundamente HUMANOS.
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